terça-feira, 16 de outubro de 2007

A toda ação, corresponde uma reação

Resposta ao artigo de Reinaldo Azevedo "A pluralidade e a revolução dos idiotas"


Embora eu não concorde com a linha editorial da “Folha”, o que me mantém como assinante do jornal é a pluralidade de opiniões publicadas em Tendências/Debates e no Painel do Leitor, por isso atrevo-me a responder ao conteúdo do artigo de Reinaldo Azevedo (A pluralidade e a revolução dos idiotas – Tendências e Debates, de 15/10).

Primeiramente, se para o autor, quem vive na pele a exclusão social e luta com as armas enferrujadas de que dispõe contra ela é idiota, não seria também idiota quem se nega a enxergar a realidade e a lógica das coisas.

O artigo em questão, assim como toda matéria publicada na imprensa dita “oficial”, peca por abordar apenas as conseqüências dos males da sociedade ao invés de abordar suas causas. Nesse quesito o artigo do Reinaldo Azevedo extrapolou todos os limites.

É bom lembrar ao articulista da "Veja" que a existência da desigualdade social é apenas a conseqüência, cuja causa é a ideologia que ele deixou claro que defende nas linhas de seu texto.
Na concepção de Reinaldo Azevedo, sou também um dos idiotas que defendem a revolução que permita não a mera existência, mas a igualdade de oportunidades para uma existência digna de cada ser humano.

Não é surpreendente a posição do jornalista e articulista, o que surpreende é a mediocridade da argumentação de alguém que se apresenta como jornalista. Nesse quesito o Ferréz dá de dez a zero na mediocridade jornalística do articulista da “Veja”.

O mal de todos que defendem o atual sistema de valores que permite a mera existência das pessoas é não se importar com a qualidade dessa existência e achar que a solução está na eficiência da repressão policial para calar a boca do seu principal produto - os excluídos. Mal sabem que não há repressão que consiga conter uma lei da física: "A toda ação corresponde uma reação".

Maldosamente, Reinaldo Azevedo diz em seu texto que o bairro do Capão Redondo é produto do Ferréz. Saiba o articulista que o bairro do Capão Redondo não é um produto do Ferréz, mas sim do sistema de valores que o próprio articulista defende, que produz também jornalistas cínicos, políticos corruptos e uma elite parasita e reacionária.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Os tipos de fura-greves

Sempre que uma greve é deflagrada, sempre há os que resolvem furar a greve.
Aqui vai uma singela homenagem a esses “bravos” puxa-sacos, traidores da categoria a que pertencem, ignóbeis, muito úteis aos interesses dos patrões.

O tímido: é aquele que passa caladinho pelo piquete, de cabeça baixa, pois tem vergonha de sua própria covardia ou incompetência.

O angustiado: é aquele que não consegue deixar de furar a greve, mas também não consegue trabalhar, por ficar o tempo todo pensando na besteira que está fazendo.

O neurótico: é aquele que perde completamente o controle emocional quando é barrado num piquete e parte pra briga com os grevistas.

O dissimulado: é aquele que antes de furar um piquete, pára, conversa com os grevistas e ri sozinho das próprias piadas que conta.

O chorão: é aquele que abre o berreiro e pede “por favor” aos grevistas para que o deixem entrar para trabalhar.

O revoltado: é aquele que finge estar descontente com o patrão, reclama com os colegas, mas quando começa a greve é o primeiro a sabotá-la.

O enrustido: é aquele que chega mais cedo só para não ter que passar pelo piquete e, lá dentro fica se escondendo atrás dos móveis para não ser visto pelos grevistas.

O puxa-saco: é aquele que adora furar a greve só porque vai ter mais tempo e privacidade para bajular o patrão e falar mal dos colegas.

O carreirista: é aquele que fura a greve só porque tem uma função de confiança ou porque o patrão lhe prometeu uma promoção.

O incompetente: é aquele que fura a greve porque tem medo de ser demitido.

O chantagista: é aquele que tem coragem até de inventar que a mãe morreu para comover os grevistas para deixá-lo entrar para o trabalho.

O vagabundo: é aquele que fura a greve, mas adora que os colegas a façam para ter desculpa para não trabalhar.

O parasita: é aquele que fura a greve, mas adora quando seu salário vem com o aumento conquistado pelos grevistas.

O dedo-duro: é aquele que fura a greve e fica observando a movimentação dos grevistas para informar ao chefe.

Há características que são comuns a qualquer tipo de fura-greve. Eles são mesquinhos, egoístas, individualistas, hipócritas, covardes, oportunistas e traiçoeiros.

Lembre-se: acima do direito individual do fura-greve está o direito coletivo dos trabalhadores em greve.